segunda-feira, 3 de março de 2025

Porto

Odeio esta cidade, feia, suja, deprimemte.

Sinto falta da luz, do espaço, da alegria

Podia ter sido uma salvação, mas acabou sempe em miséria

Aqui fui diagnosticado com PHDA, mas no fim nada foi feito

 

Não consigo encontrar nada de bom

Se me disserem que vou ficar aqui até morrer, mais vale morrer já!

Não consigo encontrar ninguém, não sinto vontade para encontrar ninguém.

Quero sair daqui, mas sinto-me preso, agrilhoado

 

Sinto um muro a se erguer à minha volta

Ajudo a fazer esse muro, tijolo a tijolo, vou-o completando

Afasto quem amo, quem gosto, quero ficar só, apenas

Mergulho fundo a cabeça por trás desse muro

 

A escuridão vai-se apoderando do meu coração

Eu próprio fecho os olhos a qualquer raio de luz que rompe as paredes

Rápido coloco mais um tijolo para fechar a fresta

Deito fora os fosforos, não quero ver luz, não quero ver nada

 

Outras vezes tento voar daqui para fora

Tento voar para a luz, tento escapar desta prisão sombria

Fecho os olhos e deixo a minha mente voar

Para o norte ou para o sul, mas para longe daqui

 

Mas a obscuridade acaba por me manter preso

Preso a uma cidade sem alma, a uma prisão sem grades

Esta cidade sem horizontes, sem céu, sem luz

Traz-me de volta para o fundo do braco que é a minha vida

 

Cada vez que esou perto de sair tudo se desmorona à minha volta

Caio na fundo da escuridão, daquele mundo de trevas

Para onde fui condenado antes de nascer

A solidão! Tem sido essa a realidade da minha vida

 

Não sei se sou eu que fujo das pessoas

Não sei se são as pessoas que fogem de mim

Sinto como se no chão uma cratera se abrisse

Com se um sismo abalasse a terra

 

Noutros locais a luz rompia o céu

Aqui apenas nuvens de chumbo enchem o céu

As trevas da solidão assolam-me

E eu não tenho forças para correr para a luz

 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

PHDA e Síndrome de Munchausen

Ao ouvir um podcast sobre medicina finalmente compreendi muito sobre mim e também sobre a pessoa que se diz minha mãe. 

Em criança os meus pais levaram-me a uma psiquiatra no Porto. Nunca soube qual foi o diagnóstico, mas pelas indicações que ela deu tudo aponta para que eu sofria (e sofro) de PHDA. As recomendações para praticar desportos como Judo e natação, de ter coaching, etc. indiciam mesmo esse quadro clínico.

Depois há todo um memorial de situações e vivências que me acompanham até hoje que apontam directamente para PHDA.

Agora surge a questão, se estava diagnosticado porquê que não foi feito o tratamento adequado?

Simples a PHDA é de origem genética, ou seja não dava jeito nenhum para uma pessoa que passava a vida a lamentar que o filho tinha muitos problemas e que ela sofria muito com isso ir dizer no cabeleireiro que afinal os "problemas" eram hereditários.

Caramba, a bruxa de Loulé deu uma explicação muito melhor - o rapaz estava possuído por um espírito mau! Essa sim! Essa era a melhor explicação, a bruxa de Loulé é que sabe das coisas, não uma qualquer doutorazinha que acha que o que aprendeu na faculdade é qualquer coisa de útil.

Assim já podia ir lamentar-se no salão da cabeleireira e na escola e nas reuniões do Tupperaware e não sei mais onde, que o filho tinha um problema ao qual ela era de todo alheia e que a fazia sofrer muito.

Mais, tenho a certeza que a médica me receitou estimulantes, mas a bruxa é que sabia e vá de encher o puto de calmantes e em vez de coaching umas rezas são muito mais eficazes e quando não chegam uma carga de porrada e aquela frase "Se horas levas mais".

Obrigado mãe! Infelizmente para ti consegui atravessar a vida sem me tornar num alcoólico nem num toxicodependente e lá ficaste sem mais esses motivos para ires conquistar a penas das outras pessoas.

Finalmente percebo porquê que me roubaste centenas de milhar de EUROS da herança que o pai deixou, foi para cobrir esse "prejuízo" que tiveste. Porquê compactuaste com a minha ex-mulher para me privarem do amor da minha filha. 

Finalmente percebo que em vez de vires almoçar comigo na véspera de eu partir para ir trabalhar no estrangeiro e mesmo sabendo que iriam passar muitos meses ou mesmo anos sem nos vermos, preferiste ficar em casa da minha irmã a cuidar da cadela que estava adoentada!!!

Olha ainda bem que não foste ter comigo nesse dia pois nunca mais me voltaste a ver nem nunca mais voltarás. 

Já que estou a falar em psiquiatria deixo aqui o teu diagnóstico - Síndrome de Munchausen! 

sexta-feira, 26 de maio de 2023

O Vampiro

 


Esforcei-me a trabalhar, vi o meu trabalho reconhecido e recebi um bónus.

Depois este vampiro veio sugar 75% daquilo que ganhei.

Há alturas que só me apetece voltar a emigrar.

CHULOS

domingo, 10 de julho de 2022

Labregos


Sair ao fim de semana durante o verão é muito stressante, bué da crowd, isto devia ser como no Havai, praias e filas de supermercado exclusivas para os residentes 😂. 

Ainda ontem enquanto aguardava na fila para o frango, passou uma família de parolos que proferiu alto e bom som "Quem diria que nós estaríamos a passear numa aldeia piscatória?". Não é uma aldeia, é uma vila - estúpidos! E neste momento será mais apropriado chamar-lhe uma Surfing Village! De facto há mais (muito mais) surfistas que pescadores e a grande maioria comunica na língua de Shakespeare!!!


sexta-feira, 13 de maio de 2022

O Carimbo



O carimbo está para algumas pessoas como a roda para a restante humanidade! É fundamental e sobrepõe-se a tudo o resto. 

Certo dia um colega vem ter comigo com um ar consternado. 

- Os teus programas estão mal! 

- Há-de nascer o dia em que alguém não me diga essa frase. 

- Mas desta vez é que é. 

- Ainda ontem diziam o mesmo e depois viu-se que eram vocês que estavam a colocar os dados errados. 

- Pois, mas desta vez não é nada disso, lancei este processo no computador e não ficou gravado. 

- Tens a certeza? 

- Claro que sim, estás a ver aqui o carimbo no documento? 

- Mas lançaste mesmo? 

- Porra! Não vez o carimbo? 

- Mas o carimbo não quer dizer nada. 

Aqui ele olhou estupefacto para mim, tremeu-lhe uma das pálpebras e quase lhe sai uma lágrima. 

- Como podes dizer uma coisa dessas? É através do carimbo que nós temos a certeza das coisas. - diz-me com a voz a tremer. 

- Pronto vamos lá ver isso. Repete tudo de novo para eu ver. 

Ele lá foi ao PC com o ar mais melindrado do mundo e introduz os dados, confirma e… voilá! O processo fica lançado. 

- Mas há bocado não ficou, tenho aqui o carimbo que prova! – protestou ele veementemente. 

- Viste que não fiz nada, de certeza que não o tinhas lançado, pois agora ficou tudo bem. 

Ele ficou a olhar com ar consternado para o carimbo, murmurando. 

- Não é justo, se tinha o carimbo na folha ele tinha de estar lançado no computador. 

- Pois, mas se calhar puseste o carimbo e depois esqueceste-te de lançar. 

- Mas quando pomos o carimbo no papel, devia logo ficar no computador, esta porcaria destas máquinas só serve para atrapalhar, antigamente é que era bom. 

- Antigamente vocês punham o carimbo e mais nada? – perguntei estranhando a simplicidade.  

- Não, tínhamos de preencher os dados todos num daqueles livros grandes, depois fazíamos as contas numa calculadora e púnhamos o talão junto na página com um carimbo de confirmação que as contas eram aquelas. Depois íamos à conta corrente dar baixa desse valor e púnhamos outro carimbo a confirmar que tínhamos dado baixa. A seguir íamos às folhas de saldo de bancos carregar o valor e colocávamos outro carimbo… 

- Pára lá com essa conversa que já estou a ficar com dor de cabeça. Agora não é mais simples? Lanças o valor no computador, confirmas e automaticamente fica tudo actualizado. 

- E os carimbos que confirmam que fizemos os lançamentos todos? 

- Então o computador faz tudo automaticamente não é preciso carimbos. 

Olhou para mim como um crente para um herege, virou-me as costas e lá foi resmungando, abanando a cabeça e fazendo gestos como que a esconjurar um espírito mau. Nos dias seguintes não me falava e juro que lhe lia nos olhos qualquer coisa como: - Hás-de arder no inferno dos não crentes no Carimbo! 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Os komunas

De facto aqueles gajos nunca me enganaram, são uns criminosos assassinos iguaizinhos aos nazis.

De facto é difícil distingui-los em termos de barbárie, idealismo, respeito pelos direitos humanos e pela democracia. A única diferença é que uns estavam do lado dos vencedores da 2ª Guerra e os outros dos derrotados.

Se houvesse dúvidas ao ver a forma como se expressaram no antes e depois do discurso de Zelenski na AR estas ficaram desfeitas, só faltou alguém vir gritar "Força kamarada Putin, mata-os todos". Realmente deplorável.

Depois de mais uma vez ver o filme e ler o livro de George Orwell - 1984, revejo nas palavras dos russos e de seus kamaradas do pcp, a gramática da novilingua, a deturpação dos factos e da história, está lá tudo.

Komunas vão se foder!

fonte da imagem: O Observador