segunda-feira, 3 de março de 2025

Porto

Odeio esta cidade, feia, suja, deprimemte.

Sinto falta da luz, do espaço, da alegria

Podia ter sido uma salvação, mas acabou sempe em miséria

Aqui fui diagnosticado com PHDA, mas no fim nada foi feito

 

Não consigo encontrar nada de bom

Se me disserem que vou ficar aqui até morrer, mais vale morrer já!

Não consigo encontrar ninguém, não sinto vontade para encontrar ninguém.

Quero sair daqui, mas sinto-me preso, agrilhoado

 

Sinto um muro a se erguer à minha volta

Ajudo a fazer esse muro, tijolo a tijolo, vou-o completando

Afasto quem amo, quem gosto, quero ficar só, apenas

Mergulho fundo a cabeça por trás desse muro

 

A escuridão vai-se apoderando do meu coração

Eu próprio fecho os olhos a qualquer raio de luz que rompe as paredes

Rápido coloco mais um tijolo para fechar a fresta

Deito fora os fosforos, não quero ver luz, não quero ver nada

 

Outras vezes tento voar daqui para fora

Tento voar para a luz, tento escapar desta prisão sombria

Fecho os olhos e deixo a minha mente voar

Para o norte ou para o sul, mas para longe daqui

 

Mas a obscuridade acaba por me manter preso

Preso a uma cidade sem alma, a uma prisão sem grades

Esta cidade sem horizontes, sem céu, sem luz

Traz-me de volta para o fundo do braco que é a minha vida

 

Cada vez que esou perto de sair tudo se desmorona à minha volta

Caio na fundo da escuridão, daquele mundo de trevas

Para onde fui condenado antes de nascer

A solidão! Tem sido essa a realidade da minha vida

 

Não sei se sou eu que fujo das pessoas

Não sei se são as pessoas que fogem de mim

Sinto como se no chão uma cratera se abrisse

Com se um sismo abalasse a terra

 

Noutros locais a luz rompia o céu

Aqui apenas nuvens de chumbo enchem o céu

As trevas da solidão assolam-me

E eu não tenho forças para correr para a luz